Já faz tempo que os espaços comerciais estão se transformando, influenciados principalmente pelas mudanças no comportamento do consumidor e pelo impacto dos avanços tecnológicos, que alteraram não só os canais de venda, como também os modelos de negócio. No momento atual, como consequência da pandemia, novas adaptações foram necessárias.
“As lojas estão cada vez mais antenadas em inovações, em chamar a atenção dos clientes, espaços harmônicos e compactos. Nos próximos anos, creio que os negócios com estrutura de estúdios, pequenas salas e home office serão cada vez mais vistos, muitos clientes estão renegociando ou mudando para locais menores, bairros diferentes, notamos uma corrida para tentar sobreviver ao momento atual”, conta Roberta Ferrari Bergamo, diretora da Amma Design, indústria de componentes para móveis com atuação nacional.
Na maioria das vezes sendo intermediários entre o consumidor final e a indústria, os profissionais da área da arquitetura e design acompanham de maneira muito próxima estas mudanças. A arquiteta Renata Canzi, que atua na área há mais de 10 anos, aponta como principais alterações a forma de atendimento aos clientes através de ferramentas digitais e as entregas em domicílio. Além disso, conta que “alguns empresários aproveitaram a oportunidade para fazer uma reforma em seu espaço comercial, numa época de baixo movimento. Outros mudaram de endereço por descontentamento quanto às condições de locação – aluguel elevado, sem negociação ou trocaram uma sala antiga, sem melhorias, para um novo local”.
Atuando diretamente na indústria, Sérgio Gomes, que é designer e gerente de produção da Star Mobile Design e Indústria de Móveis, traz suas percepções quanto aos desafios enfrentados: “os fornecedores aumentaram os preços das matérias primas e os clientes passaram a exigir descontos, o que dificultou bastante. Isso nos fez criar novas estratégias, uma vez que repassar os aumentos nesse período é quase impossível. Por outro lado, o relacionamento com o nosso cliente acabou sendo mais efetivo, chamadas de videoconferência e negociações mais próximas, o que é positivo e não acontecia muito antes”.
Para a arquiteta Roberta Delazzeri, que desenvolve projetos de arquitetura comercial e residencial, mesmo com dúvidas e incertezas quanto ao futuro, os clientes estão investindo, dando prioridade nos itens que consideram essenciais. “Tivemos a procura por muitos projetos e reformas para adaptar as casas a esse novo momento. O mais interessante é que a mudança não se deu somente para a adaptação de um local para trabalhar. A busca é para deixar a casa mais aconchegante e funcional”. E complementa “o período de quarentena fez com que a maioria das empresas, estabelecimentos e negócios percebessem que não era necessário as pessoas estarem presentes fisicamente, pelo fato da comunicação on-line possibilitar você trabalhar de qualquer lugar, e muitas vezes a qualquer hora. Essa mudança afetou diretamente a arquitetura”.
É fato que os hábitos de consumo e a forma de trabalho foram transformados a partir do isolamento social. O momento exige respostas rápidas dos empresários, para que possam atender às novas necessidades dos seus clientes, oferecendo uma boa experiência de compra, seja ela digital ou presencial, sem comprometer a segurança e o respeito ao bem-estar coletivo.
Aline Agatti – CRA RS-050836/O
Organizativa Consultoria Empresarial
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Jornal Design Serra (Bento Gonçalves/RS) – agosto/2020